quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Boné e a Balada

Resolvi escolher esse tema de estréia, pois tenho visto ultimamente determinadas situações aqui em Cuiabá-MT, as quais me fizeram refletir e compartilhar minha opinião com vocês.

Existem determinados locais (boates, baladas, danceterias, clubs, etc), nas quais constam expressamente em avisos na entrada, uma lista de proibições, como por exemplo: a) entrada de menores de idade; b) entrada de bermuda; c) entrada com camisa de time de futebol; e d) entrada com boné.

De início, recorri ao grande Aurélio (dicionário) para ver a definição da palavra "Boné" e lá encontrei o seguinte conceito: "Peça de vestuário para a cabeça de copa redonda, com uma pala sobre os olhos". Não ouso discordar, mas para mim boné é um acessório, assim como brinco, pulseira, colar, e outros penduricalhos que tanto homens, quanto mulheres se utilizam para incrementar o visual.

Feito isso, próximo passo foi indagar ao Dr. Google se ele tinha conhecimento de tal proibição e em que situação, e ele me respondeu com mais de 48 mil resultados.

Num primeiro momento, a justificativa que dão para a proibição de tal "peça de vestuário", refere-se sempre à segurança, seja pelo fato de que ao se usar um boné, torna mais difícil a identificação do indivíduo pelas câmeras de segurança do estabelecimento, no caso deste cometer algum ato indesejável, como brigas, uso de drogas(etc...), existindo ainda, outras opiniões, dentre as quais com a proibição do uso do boné, consegue-se "selecionar" mais os frequentadores da balada, com a clara intenção de pré-conceituar de as pessoas que usam tal acessório.

Com relação à primeira hipótese (dificuldade na identificação), não me parece ser a mais plausível, pelo contrário, posto que para no caso de brigas, uso de drogas, entre outras coisas, existem os seguranças do estabelecimento, os quais deverão abordar de maneira educada o indivíduo (este é outro assunto que ainda pretendo escrever), convidando-o a se retirar do local, sendo que nesta hipótese a identificação será pessoal podendo ser utilizado ainda, o sistema de check-in eletrônico, existente em quase todas as casas noturnas de Cuiabá. A identificação é necessária, posto que através de práticas indesejáveis reiteradas, pode culminar com a restrição da entrada do indivíduo ao estabelecimento.

Observado isso, digo que em várias oportunidades que freqüentei determinadas casas que vetam o uso do boné, presenciei algumas confusões, tumultos, brigas e até mesmo uso de entorpecentes, e na maioria dos casos as pessoas que assim se comportavam ou se envolveram em tais situações não usavam boné, e em não raras ocasiões tratavam-se até mesmo de mulheres.

Pergunto: O uso do boné diminuirá o uso de entorpecentes em baladas? ou ainda, impedirá a ocorrência de brigas ou de outras confusões?

No tocante à segunda justificativa (selecionar o ambiente), esta me parece a mais agressiva, ignorante, e digna de pessoas que desconhecem determinados conceitos ou ambientes e que jamais poderiam ser chamados de “empresários da noite”.

Quem garante que esta proibição vai afastar o chamado mau-elemento da sua casa? Quem foi que disse que aquele que usa boné é indistintamente bandido?

Chega ser até uma incoerência, pois em determinada casa noturna de Cuiabá, existe a proibição do uso de boné, como forma de selecionar as pessoas que freqüentam, no entanto os funcionários da limpeza da casa, que circulam entre os clientes usam bonés e com certeza, tal acessório faz parte de seu uniforme, e ai daqueles que não usarem.

Conheço várias pessoas que usam boné diuturnamente, ou pelo corte de cabelo que usam, ou pela ausência de cabelo, ou por estilo (moda), e aqueles que usam em determinadas situações.

Tenho um amigo que usa boné desde a infância, que hoje é empresário bem sucedido, casado, e que já gastou horrores em uma balada de Cuiabá, e hoje não a freqüenta mais porque proíbem o uso do acessório. Outro é Juiz Estadual e utiliza o boné sempre para sair, mas pra determinadas casas não pode usar, porque a idéia é que quem usa boné pode ser taxado de malandro. Conheço um advogado que vai ao fórum usando chapéu.

Logo, na cabeça das pessoas que proíbem o uso do acessório, tratam-se maus-elementos, e partindo daí, caso aliarmos o velho dito popular “Diga-me com quem andas e lhe direi quem és”, podemos concluir que todos nós podemos ser maus-elementos ou colocarmos a segurança de outras pessoas em risco. Pergunto: Quem não tem um amigo que usa boné? Será que pelo fato de conhecer essas pessoas eu sou mau-elemento também?

É muito mais fácil sair briga em balada por causa de uma minissaia ou uma blusa bem decotada, do que por causa do do boné (rs).

No Rio de Janeiro, em baladas elitizadas (Boox, Nuth, People, etc) é permitido o uso do boné. Não é diferente em São Paulo, onde existem muitas das melhores casas noturnas do Brasil e o uso do boné é permitido. Em Cuiabá, por ironia, as casas noturnas que atraem as pessoas mais bonitas e as atrações mais interessantes (umas, até internacionais) não proíbem o uso do acessório.

Não é porque o indivíduo usa boné que ele pode ser um traficante, um bandido, ou mau-elemento, isso é coisa da imaginação fértil de pessoas ignorantes, hoje em dia eles vestem Armani, Calvin Klein, usam gel e tênis de marca.

E o verdadeiro malandro se quiser entrar na balada para aprontar ou fazer coisa errada, ele vai entrar, não vai ser o boné que irá impedir, nem a camisa do seu time, muito menos outros acessórios ou peças de vestuário.

Imagine a cara de quem inventou o Hip-Hop se souber que em Cuiabá existem lugares que fazem festa Black, trazem convidados da cena nacional do movimento, mas não se pode entrar usando bonés ou chapéus. Incoerência? Preconceito? Racismo? Tirem suas conclusões.

Reinaldo Gianecchini e Gisele Bünchen 
Aqui em Cuiabá, de boné na Balada ???
Vocês não entram!!!